Lugares escuros
Recomendo: Sober - Lorde
Ser ou não ser.
Fazer ou não fazer.
É tudo tão confuso e inflexível, e está é a
única saída que tenho.
Lês isto
e parece-te tudo confuso, mas eu não sei de que outra maneira possa explicar o
sentimento de uma jaula inspiracional, ou devo dizer... falta de liberdade?
Descarto logo a famosa frase de que liberdade é opcional. Sim em alguns casos,
mas em outros, nem tanto. Em outros casos a liberdade é uma ilusão, um
espectro, como a revolução no mundo em que vivo.
Revolução
é diferente de evolução, livrei-me do verão, entreguei-me á primavera e floresço
a cada dia que passa e opto pelo inverno crônico.
E sou
completamente fiel ao gelo que parece cobrir cada parte do meu corpo.
Não vejo tanta gente na fila, na fila da fidelidade.
O mundo, o tempo, a vida e as pessoas tentam
esculpir-me. Dão-me nomes e pensamentos que de mim não fazem parte mas eu me
mantenho fiel.
Me mantenho fiel aos dias em que sou e aos dias
que não sou.
Aos dias
em que exprimo-me com nudez e os dias que quero cobrir-me, cobrir o meu corpo
de olhares cobiçadores e a minha alma de olhares invejosos.
Me
mantenho fiel aos dias em que faço e aos dias em que não faço.
E assim vivo.
Das minhas decisões, sejam elas boas ou não.
E todos os dias eu me permito.
Me permito falhar e fazer algo insano.
Ficar sem escrever para ti porque não me sinto
bem ou as palavras fogem de mim.
E assim, desliguei a minha autocritica, ou me
fodo ou fodam-se os outros. E eu não gosto de me foder.
Gosto de me desligar.
Completamente.
Como agora, desliguei-me do mundo e me basta
escrever.
Por agora, me basta isso porque desliguei-me e
fugi de tudo e todos.
Fugi por
um tempo, mas irei voltar.
E quando
não poder escrever outra vez, irei me permitir fugir e fazer o meu tempo.
Irei
falhar alguns parágrafos, permanecerei fiel ao erro porque as vezes é no erro
que saem as lindas coisas.
Permanecerei
fiel ao erro porque na verdade... O meu maldito cérebro não funciona direito e
estou de boa com isso.
Porque
quis assim sair, fluiu assim.
Porque não
sou perfeita e não sou tão boa assim.
Só
partilho o que sai.
Permito-me
assim ser.
Radicalmente
relaxada e feliz com o resultado final.
Permito-me
ser boemia e não ligar com o que dizem sobre o que me pertence. Sobre os
lugares em que me permito viver, amar-me, fazer amor comigo mesma, explicar que
de maneiras diferentes o orgasmo da minha mente, me dá mais vontade de viver e
escrever tudo... Mas tudo, sobre a continuação do anterior e a descrição das
minhas confusões internas.
Posso
não ser livre por agora, mas a minha vontade de me permitir sempre que possível
é indomável.
E só no
escuro, eu consigo trazer á tona em que belo animal me tornei.