Prazeres em sonhos alados
E
eu sonhei. Sonhei que me enterrava num conforto sem palavras. E que enquanto eu
continuasse a espera da lua, nada nem ninguém me poderia magoar.
Amores
seriam postos a prova, corações duros eventualmente amoleceriam.
E
assim, eu poderia sentir as mãos em mim.
As
suas mãos.
E
sabia que aquelas mãos nunca me tinham tocado antes.
E
então eu me movi mais longe. Mais fundo onde eu poderia sentir o corpo em mim.
Onde
a lua não me poderia alcançar, onde os raios lunares me fariam cair em
abstinência de os sentir em mim. E ele continua, continua a tocar-me até que eu
mal consiga lembrar-me de quem sou, de quem fui e de quem serei. O olhar
invisível nos meus olhos, movendo acima e dentro de mim como se o tempo não
importasse mais.
E
esse é o problema com prazeres desconhecidos e bons como este, eles não duram
muito. Assim, encaro nos olhos da destruição, daquele que foi marcado para
comigo ficar, para satisfazer-me e me deixar perder longe dos meus medos e
angustia, e só assim me conformo que este é o prazer pelo qual vale a pena
arriscar tudo.
Definitivamente,
sou agora e fui a essência de um desejo que nunca deveria ter sido cumprido.
Passei
a vida a procura pelo que deveria ser meu, embora eu não tivesse ideia do que
era.
Tempo
não tinha sentido.
Anos
e anos seguidos, e eu vagava, a olhar pelo que me escapou. Uma criatura alada,
tão perdida e incompleta como eu.
E
que estaria junto de mim.
E
no meu sonho, aquelas mãos eram tão reais quanto o corpo que encarava-me agora.
Mãos
duras e frias que acariciavam meu corpo, que desaceleram quando sentiu a
resposta do meu corpo. E a boca se seguiu, o rosto dele pressionado contra a
minha barriga e eu o trouxe para mim, beijei-o com plenitude e ele moveu-se em
minhas pernas, e eu molhada e quente e pronta, precisando-o. E ele empurrou-me
contra a superfície rochosa, e o levei, afundei-me para o deleite da espessura
dura e grossa dele, gritando de prazer quando ele me tomou e preencheu-me.
Isso
é que passei tanto tempo a procura, isso é que me fez inteira. Esta criatura.
E
o clímax me sacudiu, levando-me de volta a realidade.
Acordei,
completa... E sozinha.