quinta-feira, 2 de novembro de 2017

+18 [Prazeres em sonhos alados]


Prazeres em sonhos alados



E eu sonhei. Sonhei que me enterrava num conforto sem palavras. E que enquanto eu continuasse a espera da lua, nada nem ninguém me poderia magoar.
Amores seriam postos a prova, corações duros eventualmente amoleceriam.

E assim, eu poderia sentir as mãos em mim.
As suas mãos.
E sabia que aquelas mãos nunca me tinham tocado antes.
E então eu me movi mais longe. Mais fundo onde eu poderia sentir o corpo em mim.
Onde a lua não me poderia alcançar, onde os raios lunares me fariam cair em abstinência de os sentir em mim. E ele continua, continua a tocar-me até que eu mal consiga lembrar-me de quem sou, de quem fui e de quem serei. O olhar invisível nos meus olhos, movendo acima e dentro de mim como se o tempo não importasse mais.

E esse é o problema com prazeres desconhecidos e bons como este, eles não duram muito. Assim, encaro nos olhos da destruição, daquele que foi marcado para comigo ficar, para satisfazer-me e me deixar perder longe dos meus medos e angustia, e só assim me conformo que este é o prazer pelo qual vale a pena arriscar tudo.

Definitivamente, sou agora e fui a essência de um desejo que nunca deveria ter sido cumprido.
Passei a vida a procura pelo que deveria ser meu, embora eu não tivesse ideia do que era.  

Tempo não tinha sentido.
Anos e anos seguidos, e eu vagava, a olhar pelo que me escapou. Uma criatura alada, tão perdida e incompleta como eu.
E que estaria junto de mim.

E no meu sonho, aquelas mãos eram tão reais quanto o corpo que encarava-me agora.
Mãos duras e frias que acariciavam meu corpo, que desaceleram quando sentiu a resposta do meu corpo. E a boca se seguiu, o rosto dele pressionado contra a minha barriga e eu o trouxe para mim, beijei-o com plenitude e ele moveu-se em minhas pernas, e eu molhada e quente e pronta, precisando-o. E ele empurrou-me contra a superfície rochosa, e o levei, afundei-me para o deleite da espessura dura e grossa dele, gritando de prazer quando ele  me tomou e preencheu-me.
Isso é que passei tanto tempo a procura, isso é que me fez inteira. Esta criatura.
E o clímax me sacudiu, levando-me de volta a realidade.
Acordei, completa... E sozinha.