domingo, 11 de dezembro de 2016

[As musicas do silêncio de um reflexo]



As musicas do silêncio de um reflexo

Recomendo: Silêncio - Marília Mendonça                           

Não há quem não irá concordar com ela, quando se prova o sabor do amor é difícil que as coisas voltem a ser as mesmas, é como um soco na cara ou uma queimadura em grau elevado, os sinais apareciam e jamais desapareceriam mesmo com uma serie cirurgias.

Depois de dias, meses sem sinal algum ela olhou-se para o espelho e teve a certeza de algo... De uma maneira ou outra, ele voltaria, ela tinha um pedaço dele que crescia todos os dias.

Porque o amor fez isso com eles, obrigou-lhes de certa forma a unirem-se.
Ela ansiava pelo toque dele pelo seu corpo disforme, com cicatrizes visíveis e ansiava pelos minutos em que ela sem pudor iria despir-se por completo apesar das suas imperfeições, ela escolhe amar-lhe todos os dias apesar da sua frieza, apesar dos seus momentos indiferentes, a mania de desaparecer e comportar-se como um incrível bastardo, mas ela sabe também que ele escolhe amar-lhe apesar do grande câncer de tristeza que cresceu durante anos dentro dela, apesar da grande cadela que ela é muitas vezes... Sabe que ele escolhe amar-lhe apesar da selvajaria que mora em si.

Mas todo mundo sabe que algumas coisas simplesmente nasceram para não serem domadas.
Algumas pessoas foram criadas para serem indomáveis, prazer... Ela!

Ainda com o olhar fixado sobre o seu reflexo, ela lembra-se da primeira vez. Ficaram deitados num silêncio a ouvir a respiração um do outro, a vincular-se e a considerar-se, depois de gritos de prazer, gemidos e entrega.


Foi a primeira vez que acreditou em algo que tinha lido em algum lugar, que só um coração pode tocar outro. Não um corpo, mas um coração.
Clichê? Também pensou que sim mas a verdade é esta, há algo fodidamente esquisito com a maneira que sentia-se sobre ele, mas não estava pronta para ser mais intima com ele.
Mas como?
Todo mundo acha que sexualidade é a coisa mais intima do mundo, mas não sabem o quanto estão errados. A coisa mais intima do mundo é permitir que as pessoas que se ama vejam-na no seu pior.
No seu mais fraco momento.
No seu menor.
A verdadeira intimidade acontece quando nada é absolutamente perfeito. Deixar cair o véu ilusório e deixar a mostra cada imperfeição e cada rachadura.
Ela não achava que não estava pronta para ser intima com ele.
Medo!
Medo de que ele percebesse que não seria capaz de lhe amar ao descobrir que ela, está longe de qualquer salvação.

Mas no presente ela respirou profundamente, encheu o seu corpo com oxigênio puro e um doce ar, sentiu um movimento ao seu lado, uma mão sobre o seu ombro e um beijo pescoço. O coração dela levantou em saudação e por alguns momentos ela deixou o amor infiltrar-se até tomar conta da sua excitação.
Ela estava pronta para ser intima com ele, pois é uma das milhares definições do amor... Amar-se apesar de tudo.
Amar-se apesar das cicatrizes e tudo mais.
Amar as cicatrizes.

Mas enfim,
Tinha sido muito tempo, e tinha sentido falta dele.



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