quinta-feira, 8 de junho de 2017

[Não quero desertar, só liberdade]

Não quero desertar, só liberdade

Silêncio repleto. 

Profundo, cheio de significados. 

O silêncio dos beijos. O silêncio dos olhares. O silêncio dos sonhos, contos e tesouros jamais encontrados. 

O silêncio dos amantes, e de amores.

Aquela vez, aquele silêncio, que gostaria que não terminasse nunca. Gostaria que fosse o início de tudo outra vez, descobrir a vulnerabilidade e a fragilidade...
Aquela vez que não vai voltar mais, a vez que tentou agarrar-se a mim, mas não sei como, escorregou e foi-se.

Aquela vez que estava tão decidida em amar-te simplesmente e me aposentar, mas eu descobri o seguinte:
Não há primeiro amor para ninguém, pois, sempre que amamos é uma primeira vez. 

Te amei uma vez, mas eu tenho de ir, tenho de correr. O coração é um animal, o meu coração é um animal selvagem com garras tão fortes e tão rápidas, garras invisíveis que nem dá-se por conta quando começa a perfurar. E eu não te quero perfurar, não quero ser a culpada de qualquer desastre que vejo mais a frente. Está simplesmente na hora de nos libertarmos, fora da cama, fora de sexos e beijos...

- Tu estás errada, somos boas juntas. Somos felizes juntas.

- Não, tu é que estás errada. Não podes tentar manter-me por cá, mas eu te entendo. Tentas prender meu coração com palavras e memórias. Mas é inútil Vanda, é inútil digo-te já! 

Ela aperta meu corpo contra o seu, um aperto forte para manter-me com ela... Isso não é mais amor, antes achei que assim fosse. 
Amor... Eu não quero um espaço muito grande para um amor pequeno demais. E ultimamente sinto-me sufocar, sinto meu corpo a forçar encolhimento.
Não te sinto mais!

Uma vez li um livro de Federico Mocia em que ele disse:"(..) é perceber que talvez amar seja outra coisa. É sentir-se leve e livre. É saber que o coração dos outros não lhe é devido, não lhe pertence, não lhe cabe por contrato. A cada dia você deve merecê-lo. E dizê-lo. E dizer a ele. E compreender pelas respostas que talvez seja necessário mudar."

E a verdade é que são necessárias tantas coisas...
É necessário mudar, mudar tudo. 
Mudar de ares. 
Desaparecer, ir embora. 

Amor é isso, a necessidade de ir embora para reencontrar o caminho. Amor é a necessidade de desprender, largar e percorrer caminhos novos.
Não faça isso comigo, não faça isso contigo.

- Deixa-nos ir.

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