A
melhor coisa que nunca aconteceu
E não, ele não é tão diferente e incomum quanto eu achei que fosse ou assim o pintei, para que finalmente um espaço carente fosse preenchido – disse á minha mente ao meu coração.
Sobre eu ser diferente e incomum, de nada sei
sobre isso. Mas sei que durante os últimos meses, tentei ser de certa forma, um
modelo mais compatível para o modelo que voltei a achar, e sobre isso eu estive
errada. Não haverá modelo mais compatível para mim, do que eu. Não acredito em
almas gêmeas ou amores há primeira vista, eu acredito de uma maneira doente em
amores perdidos, almas apaixonadas e seres humanos errantes, da mesma forma que
eu acredito que ganhei o direito de ser arrogante em meus termos e não crer que
paixões "que roubam o meu folego" sejam a resposta para o que sinto,
para a carência que sinto.
Não…
A resposta para o que sinto agora, é voltar as
minhas raízes. Voltar a cometer atrocidades e não me sentir culpada se a bala que
lancei permanecer confortavelmente entre as estranhas das minhas vitimas,
voltar a não me preocupar em esconder o meu descontentamento, não me importar
em querer um lugar entre nobres e não me importar em mostrar as minhas verdadeiras
cores. Eu acredito em paixões sim, acredito em pessoas apaixonadas e adoro
pessoas apaixonadas. E é isso que a vida é para mim, uma paixão sem fim. Mas não
posso me contentar em ser uma das milhares amantes da vida, não posso deixar a
vida tirar de mim o que tenho de melhor: os meus instintos.
Sigo os meus instintos e desisto de ser melhor
para um outro modelo que não seja eu, desisto de deixar de ser perversa,
desisto dos erros impossíveis de ser corrigidos.
E o que sinto não é arrependimento por me ter
deixado levar em tão perturbadora ilusão de que eu e o modelo teríamos sido
perfeitos juntos, mesmo que eu mantivesse trancados dentro de mim os gêneros
com quem divido o meu corpo: a mulher boemia sem escrúpulos e o homem atraído
por tudo menos estupidez.
E
a resposta sempre esteve bem aqui.
O
que sinto é a falta de atração por mim.
E
os meus instintos dizem-me que devo deixar de lado a ilusão de que estaria
completa sem a falta de atração por mim mas pela atração que sinto por outra
pessoa, os meus instintos dizem-me que devo reconciliar-me com o homem que vive
em mim e deixar de lado a estupidez.
E está
foi a melhor coisa que nunca me aconteceu: me iludir em amar de verdade um
modelo projetil que não seja eu, deixar de lado a ilusão de que paixão parece certo agora e que vai fazer com que as coisas se encaixem.
A melhor coisa que me aconteceu, foi aceitar a minha
peculiaridade, e de certa forma, aceitar que não se pode forjar uma alma.