Utopia: Algemas ósseas
Recomendo: Heartbeat – Nneka
A necessidade que sinto, a necessidade maior de
querer ter-te aqui comigo, não compara-se a necessidade que tenho para
ultrapassar a mutação, e ser tratada como igual.
Porque
obviamente é o necessário, ou não?
Olhei
para mim e senti dor, senti agonia.
Provei
o outro lado da morte, o lado que não me quer largar.
O
lado que fez-me apaixonar.
Sou
o que não deveria ter sobrevivido, uma anomalia, um vírus. A imperfeição das imperfeições.
Este corpo é tudo que sou. Este corpo que grita pela necessidade de ser tocada,
possuída, suportada.
E toco-me.
Toco-me!
Mas não é suficiente, meus dedos são fracos
demais, sou menos agressiva comigo. Amo-me demais!

Mas, espere!
Há algo mais, há um outro vazio por perto!
Chamo-lhe,
peço-lhe que junte-se á mim. Mas o outro vazio tenta roubar o que resta de mim.
Eu
tento resistir.
Não,
não te quero.
Oh
fique!
Não,
vai-te embora!
Estou
perdida, estou sozinha. Toco-me, até me perder ao sono profundo de prazer, derivo-me
ao êxtase que livrou-me da dor.
Sozinha,
completamente perdida, descubro depois de ter provado o sabor do aroma que
sentia, nestes últimos dias que isto não é o que necessito.
Conheci nada mais que a agonia, mas tu me
mostraste que há algo mais dentro de mim.
Algo pior.
Algo cativante.
Escuridão.
Meu sonho foi conquistar tudo, mas contento-me
com o silencio de ossos quebrados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário